Impar

ohhhh pensamento tacanho
que agarrado ao engenho
e ao mesmo nó que vos fez sangrar
aquele caminho que todos se apreçam a estipular
sem entenderem que sou ímpar
não entendem o que me faz voar
e se eu definho em meus próprios termos
agarrado à vontade que todos temos
e à simplicidade de navegar
de ir ao mar e deixar-me levar
sou a pétala branca na rosa negra
o ponto de luz que quebra a regra
que todos comentam em surdina
e grita a mensagem voz de ardina
que só a vossa verdade é sepulcral
e o que sinto? o que sinto é irreal?
façam manchetes de opinião
gritem em plena multidão

que sou eu que tenho que mudar
só eu tenho que mudar

descansem a voz porque não vos ouço
estão atirar pedras para o fundo do poço
que eu com o orgulho de um pequeno moço
já construí o meu próprio troço

da estrada que me vai levar 

essa vertigem de que me aproprio
de quem no calor adora o frio
de quem ama com medo de amar
canta com vontade de chorar
luta sem ter o que lutar
e se me perco na vontade de criar?
eu não sou definição quadrada
sou uma espada cruzada
com a rosa cravejada de espinhos grossos para cortar
com um telemóvel ao centro
para me ligar ao conhecimento
que para mim é tão importante como respirar
eu sou o que se opõe a mim
que me berra aos ouvidos nas noites sem fim
com insónias por terminar

julguem o que quiserem, julguem-me paneleiro
Cinderela, palhaço, opressivo que sobe ao poleiro
e grita do cimo de pau feito
que este mundo imperfeito
é uma merda que vocês me deram
e que recusam se responsabilizar
que eu no amâgo sou cobarde do próprio medo de mudar

e eu que nem me defino como poeta
mas como o dedo do meio que no ar se espeta
decidi poetizar

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