E porque não
Não posso esperar por te dizer isto. A voz doce é redundante. Mas ele insiste. Ao que o vais dizer pura e simplesmente ao telefone? Onde queres que te diga? Ao ouvido, devagarinho, de mansinho, de forma especial. Morde a língua respira fundo e espera, aguarda. A beber um café de manhã apercebi-me o quanto me fazes falta. Talvez tenha sido por não teres ainda acordado, porque eu estava lá, onde sempre estou, sobre a tua cama. Eu sei, eu sei. Baixa a cabeça e imagina-a na sua cama, nua. Metes-te ao menos açúcar no café? Não foi preciso, o teu sabor, dos teus lábios adocicou-me tudo o que meti à boca o dia todo. Eheheh. Morde o lábio e sorri como se nada fosse. A rua faz-se escura o sol, já se despedaçou no oceano. Mas dentro dele arde aquela chama. Porra Camões o autor não te queria evocar ao caso. E achas que o que tens para me dizer eu já não sei? Sabes? Sabes mesmo? Por trás dele a porta fecha-se...