Cafés Feios: Labirinto

Olá. FODA-SE... Que foi desta vês? Que queres a este Gajo? Talvez um pouco do ópio que faz Dele um homem de alma cheia, mas a escolha de hoje está dentro do teu roteiro, não sei do que te queixas. Sim, fica, mas não estás aqui por que eu quero mas sim porque precisavas de algo Dele. Sim, tal como tu estás aqui porque precisas de algo.

Nisto aproxima-se uma rapariga "Brasileira" e ela pede um Porto antes que ele peça o simples café.


Humm qual é a tua ideia? Aturar-te, aturar as tuas idiossincrasias e os teus pseudônimos. Sou assim tão difícil de aturar? Não, mas... Mas? Mas o quê? Porque raio preciso eu de ti? Não sei, quem melhor que tu, para responder a isso?

Ele como de costume sereno, o mundo passa-lhe ao lado, ela stressada com o impetuoso rolar planetário, e o silêncio vigiado por uma Pessoa, perpetuasse entre os dois.

Então? Então o quê, não me piques o cérebro por favor hoje o dia foi horrível. Isso é uma falácia, o dia está bonito, radiante e quente. 

E a rapariga "Brasileira", serve os portos e espera de mão esticada pelo pagamento, nisto ela pega no copo e de rompante trata do liquido, o típico "pênalti".

Eu quero mais dois e traz também seja o que for que ele quer.

A rapariga com um olhar aterrorizado olha para ele à espera do pedido, ele tal e qual como chegou não afectado pelo espectáculo apenas sorri.

Então quero mais um porto, e se não se importar antes de ela agarrar os três copos passe primeiro por aqui com a bandeja que eu sirvo. Decidiste agora ser cavalheiro? Não, cavalheirismo, é uma jóia inútil, estou com medo é de passar a seco, e no meio de tantas interrupções o essencial ficou por responder, mas o quê? Sexo, pronto mais feliz? Morres sempre num assunto cuja discussão morre e se trata só e apenas com a acção, estou mais interessado na dúvida latente que te faz comportar como uma humana e não um robot executivo. Agora dominas-te a razão e decides me insultar, tu uma pobre desculpa de escritor desregrado e infame? Se discutimos infâmia sinto-me bem acompanhado por ele, eu sei que me consegues ver para além do que ganho, eu sei que lês com a visão irracional da alma, esses insultos não esquentam nem me arrefecem. Ora bolas.

Eis que se aproxima a "brasileira" com os três copos de Porto, aproximasse dele e estende a bandeja, ele tira um para si e serve os restantes a ela, que os emborcou no piscar de olhos e sai de rompante com todo o dramatismo que tais cenas merecem no cinema.

VAIS EMBORA? 

Ela simplesmente estende o braço ao ar como resposta, e afastasse rapidamente.

Olha pronto parece que esta pago eu, quanto é? Ora quatro portos, dez euros. Bolas, quanto é cada um? Dois e meio!

Ele tira da carteira, uma nota de dez solitária, estende-a com vagar e dá à "brasileira" com pesar que se afasta a passo largo. Ele virasse para a mesa ao lado.

Isto no teu tempo era mais barato não? Pois claro também eras um teso, bem mais vale apreciar a pinga já que vou a pé para casa.

E ele na mesa ao lado imóvel observa os turistas, os alienígenas e os alfacinhas calçada acima, escadas abaixo em direção ao metro.

"
O AMOR, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar, 
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
"
Fernando Pessoa

No ar um cheiro a mar. Ces't fini.

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