Capt.10


Capt. 10


"Um escritor de alguma forma nunca amará nenhuma mulher à face da terra, porquê? Porque a criatividade que o alimenta de histórias também lhe trás a mais avassaladora proficiência para criar musas e tágides lindíssimas... Mas que escritor vagueia na perfeição sem se perder nos erros?" in Facebook

Diz ela: Gosto da maneira como escreves!
Digo: Como sabes se escrevo sequer?
Já te vi... escrever! Gosto da forma como
olhas o vazio, os teus olhos ficam intensos e ao mesmo
tempo tão cheios de nada!
Já te vi???
Sim, claro, agora mesmo......

E vi-a afastar-se no meio da confusão nocturna do bar.

À noite no meu blog escrevo:
Quem és tu???
Anónimo escreve: Sou quem ainda não
conheces...

Nas lides da minha vida o mesmo café de sempre,
o meu blackbook, uma caneta e um cappucino.
Olho a rua, através da mesma o mar, o melhor local do mundo para escrever,
as pessoas inspiram-me, o movimento estimula-me.
Sinto a imaginação a fervilhar!

De repente ao ver o mar perder-se na linha de horizonte,
no meu ângulo de visão aparece ela, eu já a vi, digo para mim,
mas onde?, entra no café onde escrevo, passa pela minha mesa
e quando se apercebe que a observo faz uma expressão estranha, entra no balcão
sem olhar para trás, e vestes um avental, o uniforme desse
estabelecimento, já te vi... penso eu...

Escrevo pela noite no meu blog:
Que cara foi aquela?
A empregada do café: O mar é mais bonito
que eu, porque lhe perdeste o interesse
e olhas-te para mim? Por causa do teu ego?
Eu escrevo: Tens razão,
não te minto, o mar é mais bonito, admito,
o meu ego levou-me a ler-te os movimentos,
parecidos com os do oceano em si, leves, certos, ligados
à terra, mas ao ver-te
....

a minha mão perdeu-se

....

Tenho medo do amor, mas quem tento enganar,
todos temos medo desse monstro sagrado.
Quem tentas tu enganar com essa cara?
Escondes apenas um sorriso!
Isto sim é o meu ego a falar.
Mas aviso-te, a merda é que os escritores
não sentem!
Deixam que as personagens ame e sofram por eles!
Sol escreve: Adoro a
sinceridade com que escreves!

Começa o meu dia, sinto a maresia atingir-me a face,
sinto-me bem, egocêntrico talvez,
os meus piropos habituais, desta vez a senhora da papelaria
onde compro tabaco, cora, estou confiante,
e quando estamos confiantes as coisas soam de forma diferente
a nossa voz ecoa nas paredes do ouvido,
toca os tímpanos profundamente,
e atinge no âmago,
tem esse poder, agora gostava que a sol
me explicasse o porquê de tanto gostar da minha escrita
quando esta voz é tão mais poderosa.

Entro no café, revolvo os olhos nas suas órbitas à procura
dos seus olhos, mas sem sucesso, sento-me, peço o habitual
e espero, espero te ver.

Não apareces....

À noite escrevo:

no mar vejo reflexos
na lua o passado
na reflexão, ilusão
nas passadas pretextos
para qualquer homem ser levado
a cair em paixão
Sol escreve:
Viste isso tudo no mar ou apenas imaginas-te alguém?
Escrevo:
Se é imaginação não o sei,
vejo-o tão real como as cores
do dia!
Ela escreve:
As cores às vezes são pura imaginação.
Escrevo:
Não são, vejo-te a ti irradiar as ruas e não
o teu homónimo astro.
Pergunto-me no entanto nesta hora tardia,
será que à noite brilhas com a mesma intensidade,
capaz de iluminar a escuridão.
Ela escreve:
Vem ver por ti próprio, estarei à beira do oceano que observas todos os dias, procura-me, quero ver o teu olhar clarificar a maré, intenso.
Adoro o teu olhar quando me observas.

E assim fui, perdi-me na brisa nocturna, marítima, cerrada, fria,
à procura do meu farol, da minha luz.




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