Capt. 2


Capt. 2

Para lá da montanha, num local bem pequeno que só é achado à lupa, pensa o homem, mirando as estrelas, o que me faz feliz? As estrelas perdidas no espaço não dão resposta. Uma voz amiga de repente diz, eu faço-te feliz? Ele olha mirando o ser que agora se aproxima, volta a mirar o espaço sideral, e responde, fazes, fazes-me feliz, mas falta-me algo, algo que não sei explicar o que é, falta-me algo...
Às vezes mira-mos as estrelas à procura de resposta, mas elas que sabem da vida cá em baixo? diz a rapariga sentando-se ao lado dele na rocha que servia de miradouro espacial, A noite é boa conselheira, sempre ouvi dizer! encosta a cabeça no ombro dele e olha também o espaço, e com um suspiro profundo diz, A noite sabe demais, sabe de carne e loucura, de solidão e depressão, mas pouco partilha connosco senão esses sentimentos que outros como tu lhe recitaram aos ouvidos, suavemente, suavemente!
Ele olha e uma lágrima escorre-lhe pela face, ao que ela prontamente responde secando-a, Porque a secaste? Não gosto de te ver chorar! Mas eu quero tanto chorar! Então chora, cá estarei para secar toda e qualquer lágrima! Ele sorri, e mira de novo o universo. Gostei tanto do tempo em que este vazio se preencheu! Ela sorri de volta, e mete-lhe a mão do peito, sobre o coração, a alma. Tens um coração tão grande, acredita em mim, é muito vazio para preencher, haverá gente que não conseguirá segurar algo tão grande e pesado! Dizes que deva desistir? Não digo que há gente que não aguentará a força que tens, o peso que carregas e a voz das tuas ideias! Então como sei quem aguenta? Eu aguento, mas não te preencho o vazio, o espaço que falta, não sei, diz ela mirando os dedos irrequietos que agora se entrelaçam entre ambas as mãos numa pequena brincadeira entre si, Não sei, mas tu saberás quando esse alguém chegar! E se nunca chegar? Cá estarei para te secar as lágrimas! Ele olha para ela, que agora se agarra ao seu pescoço, Senão lutar pelo amor, e nada mais achar que me faça feliz, posso lutar por ti? Não, nunca, por mim nunca terás que erguer um punho, podes lutar ao meu lado, mas por mim não, estarei aqui, neste local, agarrada a ti para sempre, só tens que falar para chegar até mim e não combater inimigos. Ele sorri, a boémia lógica da rapariga encanta-o, e ele embala-a, ela adormece, é tarde, pega nela ao colo, leva-a até casa, deita-a na cama e suavemente beija-a na testa, sorri, e tapa-a, sai pela porta, mira de novo o universo, e pergunta, O que a faz feliz?

Nunca lutes por quem gostas, luta ao lado deles pois merecem. Pode ser que isso te faça feliz.

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